Mudanças: combustível para a escrita livre

Sabe o que motiva a minha escrita livre ou cotidiana? Várias coisas, mas mudanças é terreno fértil em minhas ideias.

Mudar a rotina, cenários, estilo de vida, cortar o cabelo, roupa nova, caminhos estranhos, pessoas desconhecidas, culturas visitantes, sabores de regiões turísticas…

Trocar o foco do campo de estudos que somos transforma nossas vidas, e em alguns casos salva também.

Foi o que fiz em fevereiro ao inscrever um pré-projeto para um programa de mestrado em jornalismo. Em outro Estado, claro. Não seria eu se mantivesse o território mãe para amparar o processo.

Demoro a tomar decisões, pois preciso conferir todos os prós e contras. E sim, só encontro os contras, e ainda preciso testar tudo antes de olhar no espelho e dizer: “não deu!”.

Por sorte (algo em que não acredito), destino ou competência ingressei na academia e em menos de 30 dias estava literalmente de mala e cuia a mais de 700 quilômetros de casa. Em uma cidade estranha, onde conhecia apenas uma pessoa. A mesma que há anos me convidava para entrar nesse mundo de estudos aprofundados e de intelectuais; um convite para me tornar pesquisadora em jornalismo.

Sempre negava, mesmo sendo um sonho antigo.

É que mudar dói, não é fácil. É como o processo de escrita: estabelecer uma rotina de se por, ou expor, em palavras para o mundo (ou apenas o seu/meu mundo) é concretizar nosso ser. Se olhar. Dar atenção ao que incomoda ou pede passagem. É aceitar o que está ali fazendo sentir algo já sem sentido. Dói muito e é difícil sim e não conheço ninguém que goste de sofrer.

Todo mundo corre atrás é da felicidade!

Mas eu quero ser professora universitária. Nesse caso, a felicidade agora tem o nome de mestrado. Por isso cá estou: entre muito choro e riso; medo e um pouco, ou quase nada, de coragem. Também algumas vitórias, outras derrotas; certezas e incertezas. Vivendo sims e nãos em uma dualidade nunca antes enfrentada, ou se vivida foi de forma mais recatada, sufragada pela jovialidade e determinação de outros tempos.

(Foto: Arquivo pessoal)

Eu que tanto gostava de ajudar nas mudanças de amigos, feliz por ver uma nova aventura se formando com quem amamos, vendo verter o recomeço, agora sinto na pele, arrepiada, o frescor de novos tempos. Deverás assustada; não, aterrorizada na verdade.

Até todo esse imbrólio se dissolver, talvez ao lembrar que não ando só, sigo vivendo na companhia e sob o aprendizado de meus ancestrais. Os mesmos que calçaram o caminho para mim, e espalharam flores, para que eu não esquecesse que os sonhos são possíveis e que não devo esquecê-los, ignorá-los ou contornar etapas.

Vim 100%! E volto a sorrir ao lembrar meus porquês:

  • Estou aqui para suavizar a escrita acadêmica enquanto pesquiso e comprovo teorias do jornalismo.
  • Estou aqui para estabelecer o poder as palavras.
  • Estou aqui para potencializar vozes na luta antirracista com o jornalismo decolonial.
  • Estou aqui existindo e resistindo. Bora?

#escritacriativa #escritaacademica

“Quando usar o ponto final no texto”

✍️🏽 O ponto final poderia ter sido após a palavra coragem, no 10º parágrafo.

Escrevi mais sobre esse momento, pois o objetivo deste texto é falar sobre a criatividade e como nascem ideias para a escrita livre, mas também é ser uma ferramenta terapêutica, o palco para um desabafo, reclamatória ou depoimento.

Sim, a escrita também pode fazer parte de um processo de cura ou de terapia.

Entretanto, até mesmo na escrita terapêutica precisamos saber como e quando usar o ponto final no texto. Conscientemente, confesso que sempre me passo com as palavras.

🗣 Mas quando devemos usar o ponto-final em um texto?

A linguística explica que o ponto-final é utilizado no final de frases afirmativas ou negativas, marcando uma pausa mais longa, apontando o término do discurso.

Além disso, o ponto pode ser usado para indicar abreviaturas, oficiais ou não,  e siglas.

Mas estamos falando aqui é do fechamento de um texto, de uma ideia, que pode ir além da conclusão. O encerramento é uma parte importante da estrutura de vários gêneros, inclusive na literatura ou na escrita livre.

(Foto: reprodução)

📝 Bora para as dicas:

  • Independente do gênero ou tipo textual, você deve conectar bem sua tese, os argumentos e a proposta de intervenção por meio de elementos coesivos, como os conectivos. Assim, esses mecanismos vão ajudar a conectar melhor essa parte com o resto da redação.
  • É importante ressaltar que em um texto você não precisa repetir tudo que foi dito, na última frase ou parágrafo. A conclusão é o fechamento do que você desenvolveu ao longo do conteúdo e o reforço da ideia principal. E pode começar a ser construído antes do último parágrafo.
  • Ao construir a conclusão da sua história, poderá inserir algumas chamadas para reflexão e ação dos leitores, como se fosse a moral ou legado da mensagem.
  • Vou insistir nesta dica para que você não perca o rumo na escrita: Ressalte a ideia principal! Pense na principal lição que os leitores podem tirar do seu texto e insira-a na sua finalização. Isso traz também humanização na escrita.
  •  Essa dica eu gosto bastante e costuma ser muito utilizada para quem é copywriter: Incentive o leitor a agir ou refletir com a sua história. O que seu leitor deve fazer ou pensar ao finalizar seu texto?
  • Ao findar sua mensagem, também pode inserir uma chamada para ação (ou reflexão) e incentivar o leitor a seguir suas recomendações. Eu fiz isso no Instagram da Rosa Carvão POA (@rosacarvaopoa), para quem tinha interesse em ler o texto completo e ainda receber essas dicas de escrita. Se você veio direito para o blog, confira lá no Insta como ficou essa provocação. :p

 

Elaine Barcellos de Araújo

Porto-alegrense, consultora em comunicação organizacional, facilitadora em cursos de escrita criativa e media training

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